Como o médico deve se vestir: dress Code
Como o médico deve se vestir: dress Code
No Brasil, a maioria dos pacientes possui uma visão conservadora. Isso é evidente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde frequentemente atendemos pessoas com um perfil mais tradicional. Por exemplo, a senhora simples e simpática, que é evangélica e acredita que a homossexualidade é errada e vê tatuagens como algo ruim, pode não estar receptiva às orientações de um médico com visual alternativo, como cabelo tingido, alargadores e braços tatuados. Infelizmente, essa é a realidade de um país predominantemente conservador.
Embora a aparência do profissional de saúde não determine sua competência, ela tem um grande impacto na percepção dos pacientes, especialmente nas camadas mais baixas da sociedade. Existe uma linguagem visual inerente à profissão médica que precisa ser respeitada para garantir uma boa relação médico-paciente. A medicina, afinal, não é sobre o profissional em si, mas sobre o cuidado e atenção ao paciente. A ideia de “vou me vestir como quiser, os outros têm que me aceitar assim” reflete um certo egoísmo da geração Z, que muitas vezes não considera o impacto de suas escolhas na interação com os pacientes .
O luxo e a vestimenta
Frequentemente, há uma confusão entre asseio, cuidado pessoal e luxo. Vestir-se de forma minimamente arrumada, com cabelo penteado e unhas limpas e cortadas, já faz uma grande diferença na apresentação de um profissional de saúde. Há também a questão da vestimenta adequada para cada ambiente. Em um hospital, espera-se que o corpo esteja coberto e que se use sapatos fechados. O uso de cropped, por exemplo, deve ser reservado para momentos de lazer, e não para o ambiente clínico.
A imagem que transmitimos
Ninguém consideraria apropriado ir de biquíni ao hospital ou de terno e gravata à praia. Da mesma forma, a escolha de uma camisa de anime pode ser adequada ao atender pediatria, pois aproxima o profissional do paciente infantil. Em uma clínica sofisticada, uma roupa social é mais apropriada, enquanto no posto de saúde, um casual bem cuidado já é suficiente. É crucial saber se aproximar do público com quem se conversa, mantendo uma imagem profissional que inspire confiança.
A exigência de um dress code não é exclusiva de empresas corporativas; hospitais também têm esse direito. A aparência do profissional de saúde não deve ser um obstáculo ao estabelecimento de uma boa relação com o paciente. A imagem que transmitimos pode influenciar diretamente a receptividade e a confiança que os pacientes depositam em nós, impactando a eficácia do tratamento e a adesão às recomendações médicas.
Concluimos
Portanto, ao considerar a importância da apresentação pessoal na prática médica, deve-se entender que essa escolha vai além do individualismo. No livro habilidades para Carreira médica temos um capitulo detalhado sobre o assunto.
Trata-se de uma questão de respeito e empatia pelo paciente, de entender o contexto cultural em que se está inserido e de buscar sempre a melhor forma de comunicação e cuidado. A medicina é uma profissão que exige, além de conhecimento técnico, uma sensibilidade especial para lidar com o outro, respeitando suas crenças e valores.