Medicina alternativa pode ser prejudicial?

Tem crescido muito nos últimos anos o estímulo ao que chamamos de “Medicina Alternativa”, um aglomerado heterogêneo de práticas que (em teoria) vão de encontro com a “Medicina Tradicional” ou “Medicina Ocidental”. O próprio conceito parte do princípio de que tratam-se de terapias “limpas”, já que não rendem-se aos nefastos interesses da indústria farmacêutica, que movimenta bilhões a partir da criação de doenças. 

Ora, não podemos ser ingênuos

 Há uma tendência à patologização dos indivíduos e um excesso de medicalização, isso é inquestionável. Mas a indústria alternativa também movimenta bilhões, também tem os seus interesses nefastos, e o pior: quase sempre há comprovação de que  não funciona.

Na área da saúde mental, para dizer o mínimo, podemos citar as práticas como homeopatia, ervas mágicas, quiropraxia, theta-healing, dentre outras. E você deve estar se questionando: “E qual o grande problema? Se não funciona, mal não fazem”. Será?

Terapias pseudocientíficas

Na área da saúde mental, para dizer o mínimo, podemos citar as práticas como homeopatia, ervas mágicas, quiropraxia, theta-healing, dentre outras. E você deve estar se questionando: “E qual o grande problema? Se não funciona, mal não fazem”. Será?

Terapias pseudocientíficas, ou seja, sem evidência clara de benefício (e quando dizemos clara, estamos nos referindo a revisões sistemáticas com meta-análises e guidelines indicando um benefício claro e indiscutível), podem ser extremamente prejudiciais, e vamos discutir os motivos – que são, basicamente, três.

1. Podem causar prejuízos diretamente: diversas intervenções, como “reprogramações quânticas do DNA”, são capazes de deflagrar episódios psicóticos em pacientes com tendência a transtornos mentais. Podemos citar também o caso da modelo Katie May em 2016, que teve artéria vertebral comprimida após sessão de quiropraxia – que diz que 95% das doenças são causadas por “vértebras deslocadas”. Além disso, o uso de algumas ervas indiscriminadamente tem causado uma série de intoxicações.


2. Podem causar prejuízos indiretamente, retardando e tirando recursos de tratamentos comprovados. Em 2017, noticiou-se a morte de uma criança italiana que vinha sendo tratado com homeopatia uma otite, que evoluiu para infecção cerebral pela ausência de tratamento. A lista de exemplos é extensa: tratamento da diabetes apenas com dieta restritiva, Reiki para o tratamento de transtorno depressivo, constelação familiar para o tratamento de transtorno do estresse pós traumático, dentre outros. O próprio Sistema Único de Saúde destina uma quantidade significativa de dinheiro para essas práticas, que poderia estar sendo destinada a áreas prioritárias.

3. Afetam a confiança da população nos fundamentos científicos, métodos de pesquisa e profissões que utilizam o conhecimento científico baseado em evidências de maneira adequada. O discurso conspiratório e quase religioso que vem associado a essas práticas prejudica consideravelmente o trabalho de fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e médicos, tentanto minar a validade do conhecimento já estabelecido nessas diversas áreas.

Como dizem, “de boas intenções o inferno está cheio".

 Não devemos nem podemos acreditar que os profissionais possuem intenções ruins com essas práticas, porém salientamos que oferecer práticas que protejam o paciente contra danos – e a melhor forma de fazer isso é seguindo a ciência – é a função primordial deles. Por isso, alertar é o mínimo.

Qual a sua opinião sobre essas práticas?

 

Autor: Matheus Eugênio

Medicina 5G: Acesse aqui

Podcast Ouça sobre Medicina alternativa 

Assine nossa Newsletter

para receber conteúdos exclusivos da Nova Medicina.

Você tem o direito de saber por que suas informações pessoais estão sendo coletadas e como serão usadas. Aqui na MedicineMe, levamos muito a sério a proteção de seus dados e garantimos que eles só serão utilizados com a finalidade de manter relacionamento com a equipe MedicineMe. Caso não queira mais receber nossos e-mails, utilize a opção de cancelar a inscrição, presente no rodapé dos e-mails enviados.